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10 indicações de filmes com reflexões sobre a área médica

Publicado em: 17 de dezembro de 2019

UM MÉTODO PERIGOSO (2011)

O longa faz um breve recorte da relação entre Carl Jung (Michael Fassbender) e Sigmund Freud (Viggo Mortensen), levando o espectador aos primórdios da psicanálise, que também é abordada a partir da intensa e polêmica relação da dupla com a paciente Sabina Spielrein. Ao abordar as fronteiras da relação médico-paciente, com foco na psicanálise, “Um Método Perigoso” é um interessante filme de cunho histórico para quem se interessa pelo estudo e tratamento das complexidades da mente, das emoções e da alma. Outros dois filmes sobre o mesmo tema da relação entre Freud, Jung e Sabina Spielrein são “Jornada da Alma” e o documentário “My Name Was Sabina Spielrein”.

MAR ADENTRO (2004)

Médicos lidam diariamente com a preservação da vida, mas até que ponto eles podem fazer decisões em nome de um paciente? Qual o papel e a responsabilidade de uma instituição médica na vida de uma pessoa? É partindo dessas questões que o drama espanhol “Mar Adentro” conta a história de Ramón Sampedro (Javier Bardem), um homem que se tornou tetraplégico após um acidente e que decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre o fim de sua própria vida, o que lhe gera problemas com a igreja, com a sociedade e até mesmo com seus familiares. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, o longa discute um tema polêmico como a eutanásia com muita delicadeza, tendo como foco a condição humana do paciente e toda a gama de complexidades que envolvem o poder de decisão que temos sobre as nossas próprias vidas (e também sobre o nosso próprio sofrimento).

VOCÊ NÃO CONHECE O JACK (2010)

Em “Você Não Conhece o Jack”, Al Pacino vive Jack Kevorkian, médico que sempre defendeu os direitos do ser humano em relação à decisão da própria morte. Apoiado por um amigo e pela irmã, ele passa a auxiliar em mais de uma centena de suicídios assistidos e relacionados a casos terminais, o que lhe rendeu o apelido de “Dr. Morte”. É interessante fazer uma dobradinha de “Você Não Conhece o Jack” com o drama “Mar Adentro” porque, apesar de os dois filmes adotarem um discurso pró-eutanásia, as histórias são centradas em lados bem diferentes de uma mesma tese. Vale a pena conferir os dois longas para entender a perspectiva tanto do médico quanto do paciente e o quanto a eutanásia segue reverberando de forma tumultuada para ambos.


“O Jardineiro Fiel” rendeu a Rachel Weisz o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

O JARDINEIRO FIEL (2005)

Primeiro longa-metragem do brasileiro Fernando Meirelles no exterior, “O Jardineiro Fiel” levantou, em 2005, uma grande provocação: afinal, quanto vale a vida humana para uma indústria que movimenta bilhões de dólares? Colocando o espectador no centro dessa reflexão, o filme começa com a história da ativista Tessa Quayle (Rachel Weisz), que decide investigar os procedimentos suspeitos de uma empresa farmacêutica que vem testando medicamentos contra a tuberculose em uma miserável comunidade do Quênia. O filme rende uma série de discussões relacionadas ao implacável corporativismo de indústrias médicas e farmacêuticas. Mais do que o questionamento sobre o valor de uma vida, o fato do filme nos levar até o Quênia desperta ainda muitas reflexões sobre a desassistência à saúde que assola populações frequentemente exploradas de maneira irresponsável por países mais desenvolvidos.

UMA LIÇÃO DE VIDA (2001)

Encomendado e exibido originalmente pela HBO, o filme reúne o diretor Mike Nichols e a premiada atriz britânica Emma Thomspon para contar a história de Vivian Bearing, uma professora universitária que leciona poesia inglesa e descobre ter um câncer de ovário em estágio avançado. Da perspectiva médica, o filme registra as transformações físicas e emocionais que todo ser humano atravessa quando precisa passar por tratamentos radicais e repletos de efeitos colaterais. Durante sua temporada no hospital, Vivian, que é uma mulher solitária, também passa a cultivar uma amizade com a enfermeira-chefe da sua unidade tratamento, a única profissional da área que a trata com proximidade e calor humano. “Uma Lição de Vida” é um filme doloroso porque encena os avanços de um câncer de forma crua, mas a análise extremamente humana que ele faz de um momento crucial e diário dentro dos hospitais é poderosa.

ADAM (2009)

Propondo um olhar delicado sobre as complexidades da Síndrome de Asperger, o drama “Adam” busca retratar as dificuldades e as conquistas de quem vive com a síndrome a partir da vida de um garoto comum, que acaba de perder o pai e começa a se relacionar com uma vizinha. O longa não deixa de tratar esses aspectos da síndrome com um tom mais didático, promovendo várias exposições sobre o comportamento e as limitações trazidas pela doença, mas, ao mesmo tempo, o roteiro é muito delicado e humano ao iluminar as vitórias diárias do protagonista e, principalmente, a compreensão e a sensibilidade como fatores decisivos para as pessoas que lutam diariamente contra suas próprias limitações.


“120 Batimentos Por Minuto” ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes.

120 BATIMENTOS POR MINUTO (2017)

Premiado internacionalmente, “120 Batimentos Por Minuto” fala sobre a AIDS a partir dos movimentos que reivindicam do poder público melhores condições, pesquisas e tratamentos para os pacientes, além de políticas de prevenção junto aos jovens e a sociedade como um todo. O foco do filme é a França dos anos 1990, quando o grupo ativista Act Up intensifica, através de protestos e intervenções, seus esforços para que a sociedade reconheça a importância da prevenção. Junto à história do grupo, acompanhamos também a jornada pessoal e afetiva de alguns integrantes do Act Up. O mais interessante é que o filme escapa dos tradicionais formatos de obras sobre a descoberta e o tratamento de doenças, preferindo falar sobre questões muito mais amplas, como o fato da imprensa, dos governantes e de grandes laboratórios e hospitais também desempenharem papeis cruciais na construção de políticas para prevenção e tratamento de enfermidades.

AS SESSÕES (2012)

Registra a história verídica de Mark O’Brien, poeta norte-americano que se tornou uma das principais vozes pelos direitos das pessoas com deficiência nos EUA. Aos seis anos, Mark contraiu poliomielite, doença que o deixou imobilizado do pescoço para baixo. Mesmo com essa condição, ele nunca deixou de trabalhar e, aos 40 anos, decidiu finalmente procurar uma terapeuta sexual que pudesse lhe proporcionar experiências físicas e sexuais que nunca teve, nem mesmo por meio da masturbação. É tocante e delicada a maneira com que “As Sessões” explora a relação que pessoas com deficiência estabelecem (ou precisam estabelecer) com seus próprios corpos. No paralelo que traça entre o físico e o emocional, o longa retrata a compreensão, a troca e a falta de preconceitos como fatores cruciais no convívio com todo tipo de paciente.

O DESPERTAR DE UMA PAIXÃO (2006)

Com esse filme, descobrimos um pouco sobre a medicina através de uma história de amor, onde o diretor Ron Nyswaner nos convida a acompanhar o trabalho verídico do dr. Walter Fane (Edward Norton) contra uma epidemia de cólera em um vilarejo da China no final da década de 1820. A história central é a reconstrução do abalado relacionamento entre o dr. Fane e a sua esposa Kitty (Naomi Watts), mas o que também se destaca em “O Despertar de Uma Paixão” é como o filme captura um momento muito específico do trabalho da medicina a partir de uma cultura que, para nós, ocidentais, parece tão diferente e distante. E o bacana é que, além das lindas paisagens chinesas, o filme, no final das contas, nos mostra que, seja no Brasil ou na China, a medicina é, antes de tudo, uma vocação universal.

LONGE DELA (2006)

É um drama que foge à regra dos filmes que se preocupam apenas em mostrar a descoberta e a evolução de uma doença, mas não necessariamente as complexidades dos seres humanos que convivem com uma enfermidade. Dirigido por Sarah Polley, o longa pode até ser protagonizado por uma mulher que descobre ter Mal de Alzheimer. No entanto, a história utiliza a doença apenas como ponto de partida para descobrirmos todo o universo particular de dois personagens que, depois de 40 anos casados, já não se reconhecem mais e precisam seguir a vida de diferentes maneiras. Adaptado de um conto escrito pela autora canadense Alice Munro, “Longe Dela” traz a premiada Julie Christie como a esposa que, tanto conscientemente quanto afetada pela doença, aos poucos se afasta do marido para poupá-lo do inevitável sofrimento que o Mal de Alzheimer pode trazer.