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Literatura e Medicina: 12 obras inesquecíveis", por Moacyr Scliar

Publicado em: 17 de janeiro de 2022

Além de sanitarista e escritor de mão cheia na área médica, Moacyr Scliar era, claro, um leitor voraz de obras centradas na medicina. Em uma crônica escrita para o jornal Zero Hora em novembro de 1995, ele revelou algumas de suas favoritas.

Mais de 25 anos depois, são dicas que seguem muito interessantes e instigantes para qualquer profissional envolvido com a área médica. Reproduzo abaixo os títulos e os respectivos comentários de Moacyr para que vocês possam ir atrás!

As 12 obras inesquecíveis, por Moacyr Scliar:

  • “A Montanha Mágica”, de Thomas Mann: escrito numa época em que a tuberculose ainda era tratada em sanatório (como aconteceu com a mulher de Mann). Como todo grande escritor, Thomas Mann usa a doença para mergulhar na condição humana, porque, como ele mesmo diz, “a doença nada mais é que a emoção transformada”;
  • "A Morte de Ivan Ilitch”, de Tolstói, uma curta e dilacerante novela sobre um homem que está morrendo de câncer, enfrentando a hipocrisia e a indiferença de médicos e familiares;
  • “Arrowsmith”, de Sinclair Lewis, uma irônica descrição dos bastidores da ciência;
  • “O Dilema do Médico”, peça teatral de Bernard Shaw, cujo prefácio é uma das melhores análises sobre a mercantilização da medicina (“Pagar a um cirurgião pelas pernas que amputa da mesma forma que se paga a um padeiro pelos pães que faz é acabar com toda a racionalidade”);
  • “O Doente Imaginário”, de Molière, também uma peça de teatro, também satírica;
  • “A Cidadela”, de A. J. Cronin, a lacrimosa história de um jovem médico, que levou vários jovens à faculdade de medicina;
  • “The Doctor Stories”, de Williams Carlos Williams, grande escritor que, como pediatra, trabalhava em bairros pobres de sua cidade nos Estados Unidos;
  • “Olhai os Lírios do Campo”, de Erico Verissimo, também sobre a comercialização da medicina;
  • “O Alienista”, de Machado de Assis, notável sátira à psiquiatria autoritária do fim do século XIX;
  • “Tenda dos Milagres”, de Jorge Amado, sobre os racistas médicos da Bahia no começo do século;
  • “A Peste”, de Camus, e "O amor nos tempos do cólera", de García Márquez: ficção nascendo das pragas. Obras importantes, deveriam figurar no currículo médico, junto com o Cecil e o Harrison.